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Foto do escritorArthur de Andrade

Posso jogar RPG sozinho?

A maioria dos jogadores de RPG já se deparou, em algum momento, com a dificuldade organizar um grupo de jogo. Agendas que não batem, compromissos de última hora, prioridades diversas que deixam a mesa desfalcada e um personagem ausente na histórias. Mas você sabia que existe uma forma de se jogar RPG sem um grupo? O RPG Solo.


Durante a pandemia do COVID-19, com os riscos que traziam os encontros presenciais para jogar RPG, os jogadores passaram a buscar outras formas para manter seus hobbies no conforto de suas residências. Isto permitiu um crescimento de plataformas virtuais de jogo e, também, o aumento da prática do RPG Solo, como uma forma segura e simples para continuar jogando.


Mas o que é o RPG Solo?


Em 1974 foi lançado nos Estados Unidos o Livro 3 do Dungeons & Dragons (ou D&D), aquele que viria a ser o primeiro RPG do mundo, criado pela dupla Dave Arneson e Gary Gygax e publicado pela saudosa Tactical Studies Rules (ou TSR).


Sob o título The Underworld & Wilderness Adventures, este livro apresentava a primeira estrutura de jogos sandbox para o RPG, permitindo que os jogadores se aventurassem por um mundo aberto, encontrando diversos desafios por meio de tabelas geradoras de eventos e possibilitando a construção de seu próprio castelo e contratação de diversos tipos de NPCs (personagens não jogadores) para prestar serviços.


Essas tabelas permitiam que um único jogador conseguisse conduzir a partida sem a necessidade de um Dungeon Master (como são chamados os narradores no D&D) e de outros companheiros de aventura, surgindo assim a primeira forma de conduzir partidas de RPG sem a necessidade de um grupo de jogo.


Um ano depois, Dave Arneson publicava na edição de Nº 1 da The Strategic Review o módulo de regras conhecido como Solo Dungeon Adventures, ampliando as regras de exploração individual (ou Solo, como viria a ser conhecido) e permitindo que um único jogador pudesse gerar masmorras completamente aleatórias, graças a diversas tabelas que apresentavam cenários, armadilhas, monstros e tesouros. Bastava rolar os dados, consultar a tabela e a masmorra tomava forma!


Nascia assim o RPG Solo, modo de jogo em que um único jogador conseguia se aventurar pelos mais fantásticos cenários de RPG, sem precisar para tanto de todo um grupo de jogo.


Durante as décadas posteriores, o RPG Solo se manteve sempre presente como uma forma eficiente de conduzir incríveis aventuras de RPG. Diversos jogos e estruturas similares, como as clássicas Aventuras Fantásticas, série de livros jogos publicados por Ian Livingstone e Steve Jackson e febre no Brasil nas décadas de 80 e 90, colocavam os jogadores na pele de um aventureiro (ou grupo deles), desbravando mundos fantásticos e enfrentando diversos desafios dignos das mais grandiosas campanhas de RPG.


Com o desenvolvimento geral do RPG, a estrutura de jogo individual também cresceu, ganhando pluralidade regras e novidades; por exemplo: os Oráculos, que são estruturas geradoras de eventos que fazem as vezes do Mestre de Jogo. Uma mecânica de jogo que é capaz de responder as perguntas do jogador. Talvez o mais famoso desses Oráculos seja o Mythic Game Master Emulator, uma incrível estrutura que contempla uma gama variada de possibilidades.


Por mais que seja um jogo individual, o RPG Solo movimenta uma comunidade cada dia maior, e mais conectada, se tornando um nicho importante dentro do hobby. Esse crescimento é tão expressivo que diversos grandes lançamentos de novos RPGs passaram a agregar a forma individual de jogo em suas regras. É uma prática que está se tornando um hábito e vai fazer parte de todo produto de RPG lançado.

No Brasil, os grupos de RPG Solo nas redes sociais começaram a receber centenas de novos adeptos, bem como surgiram diversos novos sistemas voltados para se jogar sozinho começaram a ser produzidos e lançados com grande retorno do público. Os RPG Solo passaram a figurar entre os grandes lançamentos do país, ao lado de jogos de grandes jogos de empresas renomadas, conseguindo vender e arrecadar em plataformas de financiamento coletivo valores cada vez maiores.


(texto por Jefferson Pimentel)

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